quarta-feira, 14 de maio de 2008

CAIXINHA DE MÚSICA

abri o baú e não havia brinquedos– poeira e os sons amarelecidos do esquecimento
.

abri o sorriso e não achei teus abraços de sol – solidão e o cheiro púrpura do nunca
.

abri o peito e não senti bater o meu coração – anestesia e a amarga brancura do perdoar
.

abri as mãos e perdi a nascente da chuva – destino e a cadência cinzenta duma vida poente
.
abri os olhos e não havia mais sonho – permanência e o triste azul soletrado desse adeus
.

2 comentários:

leila saads disse...

Esse poema doce é contraponto dessa saudade amarga.

Beijos!

LM,paris disse...

" a minha amizade està sobre ti como a mae sobre o seu pequeno que sonha com facas", bonjour!
é o primeiro blog por onde passo que cita Gamoneda, entao deixo aqui um extracto da "descriçao da mentira".
Tenho uma preferência talvez pelo livro do frio...
gostei do seu poema. vou ler mais.
Abraço de Paris com sol, até que enfim!
LM